A Quinta dos Animais, uma fábula crítica sobre o comunismo

Escrito sob a fórmula de uma fábula, "A Quinta dos Animais" é uma analogia crítica aos totalitarismos, em especial ao comunismo. "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros" ficou como uma das frases mais célebres da obra.

O livro conta a história de uma quinta de animais, tal como o título sugere, que decidem libertar-se do domínio humano, ou seja, originam uma revolução e expulsam o dono da quinta para eles próprios se governarem. A partir daí todos os animais são considerados iguais e esta é a principal regra do novo funcionamento da quinta. Acontece que, dentro da nova ideologia da quinta, surgem várias visões. Um dos animais, o porco Napoleão, passa a governar todos os animais bem como as suas produções. Napoleão é a metáfora de Estaline, uma vez que começa a usar o poder em seu proveito. Para além de criar todo um ritual e culto à volta da sua pessoa, vai alterando a doutrina original. A ideia-chave do início da revolução "Todos os animais são iguais" altera-se para "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros".

George Orwell, também conhecido como autor da obra "1984", publicou a "Quinta dos Animais" (Animal Farm no título original) em 1945. Convém sublinhar que o livro foi escrito já no fim da Segunda Guerra Mundial, altura em que a então URSS se afirmava enquanto superpotência. Estaline, ex-líder da União Soviética, ficou conhecido pela sua paranóia e repressão e violência - dou como exemplo a Grande Purga. Napoleão personifica toda essa aura de Estaline.

Orwell hierarquiza e estratifica cada espécie de animais residente. Os porcos são os animais inteligentes e, por isso, são os verdadeiros pensadores da revolução e das posteriores mudanças. Com as ovelhas, o rebanho, é criado um ambiente de seguidismo, de uma certa ingenuidade e até ignorância, pois repetem e decoram cegamente tudo o que os porcos lhe instruem. Os cavalos, por sua vez, são a força de trabalho, os que verdadeiramente contribuem para a produção da quinta. Já os cães, após a tomada de poder de Napoleão, tornam-se seus cães de guarda, o que no fundo simboliza a autoridade e a força.

Embora esteja escrito de forma simples, podendo parecer um mero conto, toda a história está imbuída de um espírito metafórico e crítico, e em simultâneo satírico e caricatural. É considerada um obra política, podendo adequar-se a qualquer tipo de totalitarismo. Tal como conta a Visão, "o escritor constrói uma narrativa segundo a qual qualquer revolução pode conter em si a semente do totalitarismo."

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