"Mulheres viajantes" - 18 mulheres que desbravaram terrenos e convenções

O mote para este livro são as viagens e histórias de mulheres que se aventuraram em terras longínquas, moldando o mundo em seu redor. Desafiaram convenções sociais - viajar e escrever  pertencia ao mundo dos homens. A autora, Sónia Serrano, procura dar voz às viajantes que marcaram a literatura de viagens.



Organizado por destinos (Oriente, África, volta ao mundo), Sónia Serrano dá-nos a conhecer algumas mulheres, escolhidas segundo os seus critérios, também justificados, que desbravaram territórios de uma determinada área do globo. Têm em comum, para além do óbvio – a viagem, o desconhecido, os obstáculos -, a escrita. Todas elas escreveram correspondências ou anotações que descreviam e relatavam as suas viagens, dando lugar mais tarde a livros de viagem, ou literatura de viagem. 
Note-se que ao longo de todo o livro é referido como ser mulher viajante era mal visto pelas sociedades europeias. As primeiras corajosas mencionadas viveram nos séculos IV, no XVI e XVII respetivamente. Umas acompanharam os maridos em missões no estrangeiro, outras foram por conta própria. Não era comum uma mulher sair do ambiente privado da casa, muito menos ousar fazer o mesmo que o homem, a começar pela escrita. Muitos livros começam com um pedido de desculpas ao leitor, no sentido de desvalorização do seu próprio trabalho. 
Por ser considerada inferior, isto é, por não se lhe dar importância e por ser portadora de uma certa ignorância e ingenuidade, a mulher conseguia por vezes descobrir locais que aos homens eram interditos. Mas estas pequenas conquistas eram sempre registadas. Algumas também se debatiam com o imperialismo e colonialismo, embora em conformidade com a visão do seu país de origem.
Algumas optaram por começar a usar roupas masculinas, mais práticas; também começaram a montar o cavalo como os homens, e não de lado, como era hábito. Também houve quem fugisse da sociedade rígida europeia. Foram impulsionadoras de pequenas revoluções na sua vida, libertando-se de constrangimentos e vivendo a sua vida tal como desejassem. São contados também casos de travestismo e homossexualidade, e de como no estrangeiro podiam viver mais abertamente a sua maneira de ser.
Resultado de um trabalho de pesquisa, chegando a ser contextualizado a questão da viagem, da escrita e da mulher que foi conquistando terreno nesses campos, são-nos mostradas mulheres inspiradoras. Um dos objetivos desta publicação foi precisamente não deixar as conquistas reservadas aos homens, uma vez que também elas desbravaram e moldaram novos mundos. Das minhas leituras favoritas deste verão.

páginas: 325

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