Para
muitos, setembro é sinónimo de recomeços. Reiniciam-se a rotina, o trabalho, as
aulas. Mas não faria mais sentido associar-se este período a princípios, a
estreias, ao invés de o considerarmos uma continuação?
Setembro dita o final do verão e,
com ele, o fim do calor, do sol escaldante, da brisa amena das longas noites da
estação quente. As folhas das árvores começam a cair e a dançar com o vento,
agora mais fresco; os arbustos e outras vegetações trocam o verde pelo castanho
alaranjado; e as noites começam a pedir por um casaco. Enfim, trata-se da mudança
de estação. Então, por que não se associar esta estação a uma inauguração?
Contrariamente, na transição de um
ano civil para outro, adotamos uma nova postura, como se se tratasse de uma
mudança radical de vida e de mundo. Contudo, de 31 de dezembro a 1 de janeiro o
tempo parece rigorosamente o mesmo: o vento e o ar gélidos, e a chuva cortante,
bem como os dias pequenos. Não há, portanto, diferenças colossais que se notem
de um mês para o outro, há exceção do calendário.
A mudança para o outono, por outro
lado, renova tudo. As altas temperaturas dão-nos tréguas, permitindo respirar
melhor; a brisa, que chocalha nas árvores e que serve de música de fundo embaladora,
refresca as ideias, acalma os espíritos, e as chuvas (por enquanto breves) que
vão tomando lugar, ainda que molhem, lavam e limpam a terra de todas as toxinas
expelidas durante o verão.
É um tempo poético, entre uma e
outra estação – nem demasiado quente, nem demasiado frio, apenas o suficiente
para contrariar a inércia; abre asas à imaginação. Pessoalmente, sinto-me
sempre no meu auge nesta altura. Repousada das férias, sinto-me capaz de
conquistar este mundo e o outro, repleta de energias e vontades de fazer tudo o
que me faz feliz e o que faz os outros felizes por igual. Como se estivesse a
começar do 0, iniciando um livro em branco cheio de possibilidades.
Para
os que funcionam a energia solar, não desanimem: a beleza das coisas e da vida
encontra-se em qualquer altura e lugar, é preciso é estar atento. Talvez eu
seja a única que vê a estação que se aproxima deste modo, todavia espero
conseguir contagiar os que me rodeiam com esta energia vinda diretamente da
terra, que incentiva à renovação. É preciso, no fundo, deixar que a brisa de
outono nos refresque, nos renove e nos inspire.
Diana Vicente
�� adorei!
ResponderEliminar