Inspirada na pessoa e vida de Albert Einstein, a série Genius, da National Geographic, aproxima-nos da lenda que foi (e é) o famoso físico natural da Alemanha. Ainda que composta por uma única temporada, resume em 10 episódios a vida privada do génio, bem como as suas descobertas.
O principal objetivo da série foi o de humanizar o mito. Recorrendo a analepses, mostra-nos a sua juventude: o seu gosto pela aprendizagem, e, em simultâneo, de ir para além dos conhecimentos já tidos como garantidos. Ora, desde cedo procurou lutar contra os dogmas académicos, sendo avisado inúmeras vezes acerca da sua rebeldia - opôs-se sempre a qualquer tipo de controlo ou programação, fosse ela de cariz intelectual, político ou um outro qualquer de outra ordem. Contudo, fora precisamente esse encantamento pelo saber - e a sua teimosia e persistência - que o conduziu à grandeza.
Por outro lado, à parte da sua mente brilhante, Einstein levou uma vida considerada normal. Apaixonou-se, casou e teve três filhos. Também, tal como outra pessoa qualquer, teve problemas familiares, conjugais - que resultaram na separação e divórcio do casal - e financeiros, que o obrigaram a arranjar emprego fora da sua área.
Tal como nos diz o ator Geoffrey Rush, que interpretou (parte d)o papel principal, numa breve entrevista para o número da revista de abril: "He had a lot of human frailties. He had ego, he had doubt, he had sadness. He suffered the deaths of many loved ones in his life span, massive marital problems, estrangement from his children. He was vulnerable to all the contradictions that every human can be."
No decorrer dos acontecimentos é impossível não nos sentirmos envolvidos pela sua maneira tão própria de pensar e de ver o mundo - aspeto bem conseguido aquando das suas epifanias, que nos fazem sentir como se estivéssemos dentro da sua mente.
Mais marcante e, especialmente, importante, é o facto de ele nunca ter assumido nenhuma doutrina política; sempre se opôs a esse espetro da vida social, nomeadamente durante a ascensão e governação de Hitler. A sua doutrina era outra: a humanitária, pelo que se opôs várias vezes ao crescente militarismo da época.
Em suma, uma série que recomendo, especialmente devido ao facto de tirarem o génio de um pedestal, fazendo mais comum - um simples mortal - que, à semelhança de todos nós, vive os seus dilemas. Além disso, expõe mensagens muito significantes acerca das suas ideologias e valores: era contra o militarismo e armamento dos países, uma vez que, para ele, sobrepunham-se valores maiores, como a liberdade e dignidade humana. À exceção de um ou outro aspeto da sua vida íntima que poderiam ter sido um pouco mais explorados - tais como as suas relações extra-conjugais, a frequência das mesma, etc; o afastamento dos filhos, que foi mostrado mais na idade adulta dos mesmos -, considero que conseguiram atingir o objetivo de o humanizar.
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