Fotografia original do website da autora. |
A coletânea publicada em 2014 divide-se em quatro capítulos, abordando em cada um deles vários tipos de dor e, em simultâneo, formas de resiliência e esperança. Os poemas vão contando uma história, a sua história, e de como a perceção de si mesma e do mundo vai cambiando. Fá-lo através de pequenas confissões com palavras duras, imagens diretas e frontais, conseguindo um grande impacto emocional. Vários poemas são acompanhados de pequenos desenhos da autoria da própria poetiza contemporânea, conferindo-lhe um tom meio libertador meio sonhador.
Este tipo de trabalho ganhou a conotação de Instapoetry - por oposição à poesia canónica tradicional - pelo facto de Kaur partilhar os seus poemas nas redes sociais, nomeadamente no Instragram, entre outros autores que também se vão afirmando. O seu potencial online deve-se às frases curtas e à simplicidade subjacente. Por esta razão tem sido alvo de críticas e a sua poesia por vezes é considerada simplista, redutora, e inclusive como não sendo poesia.
Contudo, tal como Rupi Kaur afirma num vídeo acerca da sua poesia, criar desassossego, polémica, faz parte do processo que é a arte, neste caso a poesia. O próprio ato criativo foi libertador, segundo a mesma, no sentido de servir de cura - fazendo alusão a um dos capítulos do livro.
No fim, a principais mensagens que ficam retidas na mente do leitor são o empoderamento, a resistência e, sobretudo, a esperança, enquanto aborda temas sensíveis. O próprio título "Leite e Mel" remete para algo doce, como que um momento e um gesto de paz e doçura, de amabilidade para com o outro.
Diana Vicente
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