O penúltimo livro de Rodrigo Guedes de Carvalho apresenta-se como espécie de reencontro com os fantasmas do passado. Repleto de encontros e desencontros, de frustrações e lutas constantes - muitas em vão -, pode ser encarado um confronto com o passado e com a melancolia.
Composto por camadas de personagens e histórias, o leitor é transportado para o universo de cada personagem, intercaladamente. A escrita do autor, muito marcada pela oralidade e informalidade, transporta mais facilmente as sensações e sentimentos sentidos - faz lembrar a escrita de Saramago. Cada história contém algum trauma, ou ponto de viragem, que tornou cada personagem mais melancólico e também vazio por dentro. Há uma certa monotonia nas rotinas, um querer voltar atrás e em simultâneo um não querer voltar atrás, acabando por tornar constante a presença do passado e dos seus fantasmas. A música é mote para a forma de encarar os seus universos, uma vez que é a lufada de ar fresco de cada um, uma réstia de esperança.
São tocados temas como a violação, a homofobia, a morte - e o próprio luto -, o desejo e a solidão. Também figuram o amor, o desejo de ser amado, ou o amor que não aconteceu. Os fantasmas do passado obtêm um maior destaque, ainda que isso só se perceba mais nitidamene no final. Enquanto isso, o narrador introduz algum insight do mundo da medicina, e também do jornalismo.
Apesar de ter adorado o final - uma revelação sobre o pianista de hotel, que dá nome ao título -, também não chegando a dar fim a algumas histórias, a conformação com a angústia e com a vida, algures a meio do livro ia perdendo o fim à meada. Enquanto entrava no passado das personagens, parecia que as histórias não avançavam. Mas o final, em especial a nota final do próprio autor deu sentido a todo o livro - para mim a melhor parte do mesmo.
São tocados temas como a violação, a homofobia, a morte - e o próprio luto -, o desejo e a solidão. Também figuram o amor, o desejo de ser amado, ou o amor que não aconteceu. Os fantasmas do passado obtêm um maior destaque, ainda que isso só se perceba mais nitidamene no final. Enquanto isso, o narrador introduz algum insight do mundo da medicina, e também do jornalismo.
Apesar de ter adorado o final - uma revelação sobre o pianista de hotel, que dá nome ao título -, também não chegando a dar fim a algumas histórias, a conformação com a angústia e com a vida, algures a meio do livro ia perdendo o fim à meada. Enquanto entrava no passado das personagens, parecia que as histórias não avançavam. Mas o final, em especial a nota final do próprio autor deu sentido a todo o livro - para mim a melhor parte do mesmo.
"Essa luta inglória que já nos deve ter acontecido a todos, julgarmos que mandamos em nós, e que se quisermos muito muito, esquecemos o que queremos esquecer, para podermos seguir mais leves para o que nos resta viver.
Mas não funciona assim.
E os tremores e as saudades, julgando nós que lhe escavámos cova funda, estão afinal ali a um palemo, e mostram-se assim que algo lhes plaina a terra fina com uma pena."
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