O Banqueiro Anarquista - a critica às instituições da sociedade

Do quase infinito espólio de Fernando Pessoa, O Banqueiro Anarquista é um dos seus contos. Com aproximadamente 40 páginas, a personagem do banqueiro critica as convenções sociais - ou "ficções" -, que servem apenas para criar desigualdade entre os homens, para além de os prender.




Num jantar o banqueiro anarquista explica ao narrador o paradoxo que é ser banqueiro e anarquista. Dotado de um discurso ponderado e inteligente, o banqueiro clarifica os conceitos que para ele fazem parte do anarquismo: por que aderiu à doutrina, em que medida se distancia dos restantes anarquistas, e através dessa explicação vai definindo também o próprio anarquismo aos seus olhos.



Denota-se uma aversão às convenções sociais - religião, política, família; no fundo, as instituições criadas pelo homem-, que controlam os homens e os dividem, por oposição às realidades naturais. Os conceitos de justiça e hierarquia social estão bem presentes: o banqueiro aspira por uma sociedade justa, livre - logo, anárquica -, acabando com as posições da sociedade.

Critica a transição para o anarquismo, da passagem para a sociedade burguesa para uma sociedade livre, dado que se criam outras convenções sociais e portanto nunca libertando a sociedade.

Dos males da sociedade o dinheiro surge como o pior, e por essa mesma razão abraçou a sua profissão. Tornou-se "açambarcador" de modo a não ser controlado pela convenção do dinheiro, o que quer dizer juntou o suficiente para não ser domado pela sociedade.

Todo o conto é escrito - e dialogado num tom de critica, em especial às instituições da sociedade, às ideias e preconceitos, e em especial à injustiça que criam.

Para além deste conto, a edição do Relógio d'Água inclui mais dois contos: Um Jantar Muito Original  e A Porta. O primeiro conta um jantar dado por um senhor muito peculiar, que mostra a sua criatividade culinária. O segundo debruça-se sobre tiques nervosos, alguma mania incontrolável e como pode influenciar o comportamento, e de como definem não só o identidade da pessoa, mas também podem redefinir o que é ou não normal.








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