Chegado setembro, muitos ingressarão a vida universitária, outros continuá-la-ão. Nunca é demais lembrar que a universidade em nada tem a ver com o ensino secundário. Os que já lá estão já o sabem por experiência, outros aprendê-la-ão. Reuni alguns tópicos onde diferem as expectativas e a realidade da vida académica.
O foço entre secundário e universidade é também demasiado grande. Passo a explicar: enquanto que no secundário nos explicam tudo o que querem de nós, no ensino superior dão-vos apenas as diretivas gerais do que exigem de um aluno. Também dependendo dos professores e das áreas, é preciso batalhar com os professores e com o que nos é pedido para finalmente fazermos um estudo orientado. Esta exigência é sentida principalmente no primeiro ano. Não se assustem se as vossas notas descerem numa fase inicial; faz parte da adaptação às novas exigências. Em simultâneo, apercebemo-nos que já não estamos numa comunidade relativamente pequena que é uma escola secundária, onde conhecemos toda a gente e toda a gente nos conhece. Os professores já não vão saber o nome de cada um, nem os funcionários. No início pode causar alguma confusão, pois sente-se um distanciamento entre alunos e o resto da universidade, como se fôssemos só mais um número. Mas atenção, não acontece em todas as disciplinas e também não há razão para se sentir intimidado, de expor dúvidas, o que for. Como em quase tudo, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Pode-se apanhar uma pequena desilusão, contudo, quando a instituição onde estudamos não corresponde ao seu estatuto. Isto é, uma universidade conceituada ter falhas nos serviços, nas próprias instalações e, inclusive, nos programas. Há, de facto, programas que precisam de ser revistos e atualizados.
Mas a vida não é só estudos! Temos o outro lado da moeda, a típica vida académica, com todas as implicâncias boémias que o termo envolve. Sim, há festa todas as semanas, até mais do que um dia por semana. Seja num bar, num jantar, ou até numa esplanada ou jardim. Contudo, com o aproximar do final do semestre, o tempo livre vai ficando cada vez mais escasso e as saídas serão cada vez mais reduzidas. Aproveitem enquanto podem! Também, estar numa cidade nova também implica conhecer e descobrir e, especialmente se se tratar de uma cidade grande, uns dias não bastam para conhecer tudo, até porque estão sempre a surgir sítios novos. No início de cada semestre digo sempre que vou sair e visitar mais, e acabo por não fazer metade. A falta de tempo é problemática!
Um outro tópico mais mediático, a praxe, não é um bicho de sete cabeças como muitos o pintam. Sim, vão mandar-vos fazer coisas, umas melhores que outras, mas não têm de fazer nada que realmente não queiram. Embora cada praxe seja diferente, o objetivo da praxe é integrar, criar laços e até autênticas família. As experiências que lá partilham dão lugar a uma amizade e à-vontade com determinadas pessoas que só por isso faz valer a pena. Antes de recusarem – caso estejam inclinados a fazê-lo -, experimentem e só depois formulem a vossa opinião acerca do assunto.
Dizem que é a melhor altura das nossas vidas. Sim, é verdade. Estamos algures num limbo feliz mas também incerto: ao mesmo tempo que ganhamos a nossa autonomia, descobrimo-nos enquanto pessoas, já sem a alçada dos pais, também sentindo mais a incerteza e insegurança do futuro. Conhecemos novas pessoas e novos universos. O mundo torna-se um bocado maior e nós também, mais humanos.
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