Sou criativa em dias cinzentos

Uma janela e um mundo lá fora cheio de possibilidades. 

Gosto de dias cinzentos. Não sei se gosto de forma igual dos dias solarengos e quentes, pois cada um é especial à sua maneira. Mas hoje eu gosto de dias cinzentos. Está um bonito e cinzento dia de outono, já a roçar o inverno. Mas eu não me queixo. Sentia saudades do arrepio que invade o corpo no primeiro contacto com o ar fresco da rua. Das bebidas quentes, do sabor a gengibre e a canela - que nas estações frias aquecem e dão um aconchego especial. Gosto especialmente quando chove lá fora e posso  ouvir a água a bater no chão - não há som mais relaxante, juntamente com o som do oceano. Nestes dias é difícil não me sentir inspirada a pegar num caderno e escrever, ou em fazer uma longa leitura, ou ver um bom filme. De vez em quando, não me apetecendo ficar em casa, lá vou eu para um café ver a paisagem outonal. Vejo as árvores que pintam um quadro amarelado e esverdeado, também cinzento e castanho. Sinto o calor do chá ou do café e o conforto de uma camisola de malha - parece um cobertor em dias de sofá! E é nestes momentos em que, olhando para a janela mais próxima, num contraste luz-sombra, a criatividade me invade. Porque naquele quadrado ou retângulo, não vendo a totalidade da rua, posso inventar o resto do quadro, ou da janela. As possibilidades são infinitas! É como escrever uma história. Hoje deu-me para tirar fotografias e escrever legendas. Amanhã pode apetecer-me escrever um livro. Nunca subestimem o poder de um dia frio e cinzento.


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